2007-10-30

Aletrisme ou Kantisme?

"A flagrante ausência de cultura filosófica e geral dos alegres propulsores deste modelo de debilidade mental que se chama arte abstracta, abstracção-criação, arte não-figurativa, etc. é uma das coisas mais autenticamente agradáveis do ponto de vista da desolação intelectual e "moderna" da nossa época. Kantistas retardados, pegajosos de secções de ouro escatológicas, continuam a querer oferecer-nos, sobre o optimismo novo do seu papel couché, essa sopa de estética abstracta, a qual em verdade de realidade ainda é pior do que essas espécies de sopas de aletria fria colossalmente sórdidas do neotomismo, das quais até os gatos mais convulsivamente esfomeados não querem aproximar-se. Se, segundo eles, as formas e as cores têm um valor estético em si mesmas, fora do seu valor "representativo" e do seu significado anedótico, como podem resolver e explicar a imagem paranóica clássica, de dupla figuração e simultânea, que pode oferecer sem dificuldade uma imagem estritamente imitativa, ineficaz do seu ponto de vista e, ao mesmo tempo, sem qualquer alteração, uma imagem válida e rica plasticamente? É o caso dessa diminuta figura ultra-anedótica dum negrinho fulgurantem, deitado e de estilo Meissonier, o qual, ao mesmo tempo, olhado verticalmente não é senão a sombra muito rica e mesmo plasticamente suculenta dum nariz pompeiano muito respeitável pelo seu grau de abstracção-criação! A genial experiência de Picasso não faz mais do que provar-lhes, por outro lado, o carácter incondicional material, inelutável e apoteósico, em relação com as precisões físicas e geométricas dos sistemas estéticos, dos sistemas biológicos e frenéticos do objecto concreto."
[Salvador Dali, A conquista do irracional, em: "Mito trágico do Angelus de Millet", trad. Célia Henriques e Vítor Silva Tavares, & etc, Lisboa, 1998]

Ilus: Piet Mondrian, Composição com cinzento e castanho claro (1918), óleo sobre tela, 80,2 X 49,9 cm, Museum of Fine Arts, Houston, Texas.

And now for something completely different: Le Lettrisme.

Flowers of Evil


[Samuel Fuller cameo in: Jean-Luc Godard, "Pierrot le fou" (1965)]

Destruction

The Demon is always moving about at my side;
He floats about me like an impalpable air;
I swallow him, I feel him burn my lungs
And fill them with an eternal, sinful desire.

Sometimes, knowing my deep love for Art, he assumes
The form of a most seductive woman,
And, with pretexts specious and hypocritical,
Accustoms my lips to infamous philtres.

He leads me thus, far from the sight of God,
Panting and broken with fatigue, into the midst
Of the plains of Ennui, endless and deserted,

And thrusts before my eyes full of bewilderment,
Dirty filthy garments and open, gaping wounds,
And all the bloody instruments of Destruction!


[William Aggeler (Charles Baudelaire), The Flowers of Evil
(Fresno, CA: Academy Library Guild, 1954)]

2007-10-29

S longo

[O integral de f(x) de a a b é a área por cima do eixo dos x e por baixo da curva y=f(x),
menos a área por baixo do eixo dos x e por cima da curva, para o x no intervalo [a,b].]


The rules for long S:

  • short s is always used at the end of a word
  • short s is always used before an apostrophe (e.g. clos'd, us'd, and in French books words like s'il and s'eſt)
  • short s is always used before 'f' (e.g. ſatisfaction, misfortune, transfuſe, transfix, transfer, succeſsful)
  • short s is sometimes used before 'b' (e.g. husband, Shaftsbury)
  • short s is sometimes used before 'k' (e.g. ask, risk, skin, skill)
  • long s is used before a hyphen at line break (e.g. neceſ-ſary, pleaſ-ed), even when it would normally be a short s (e.g. Shaftſ-bury in a book where Shaftsbury is normal)
  • long s is maintained in abbreviations such as Geneſ. for Geneſis
[in: The Babelstone]

Em matemática usa-se ainda hoje um último avatar do s longo como símbolo do integral: \int. O co-inventor do conceito de soma integral, Leibniz utilizou a primeira letra da expressão em latim, summa, (« soma »), escrito ſumma. Na verdade, Leibniz teria feito este uso em privado no dia 29 de Outubro de 1675, mas o primeiro uso público foi apenas feito em Junho de 1686 no seu artigo De Geometria, publicado nos Acta Eruditorum.

2007-10-25

Cap i cua

[Studio View: "After Picasso," 2006, by Devorah Sperber, 5,024 spools of thread, stainless steel ball chain and hanging apparatus, clear acrylic viewing sphere, metal stand (104"-122" h x 100” w x 60”- 72"d); baseado no retrato de Gertrude Stein (1906), por Pablo Picasso (25.10.1881 - 8.4.1973)]

111,111,111 x 111,111,111 = 12,345,678,987,654,321

  101, 111, 121, 131, 141, 151, 161, 171, 181, 191, 202, 212, 222,
232, 242, 252, 262, 272, 282, 292, 303, 313, 323, 333, 343, 353,
363, 373, 383, 393, 404, 414, 424, 434, 444, 454, 464, 474, 484,
494, 505, 515, 525, 535, 545, 555, 565, 575, 585, 595, 606, 616,
626, 636, 646, 656, 666, 676, 686, 696, 707, 717, 727, 737, 747,
757, 767, 777, 787, 797, 808, 818, 828, 838, 848, 858, 868, 878,
888, 898, 909, 919, 929, 939, 949, 959, 969, 979, 989, 999, 1001

[Números palindrómicos]

2007-10-19

Le bruissement de la légende



[Jacques Lacan respondendo ao seu genro Jacques-Alain Miller no programa
"Psychanalyse", realizado por Benoît Jacquot, ORTF, 1973]

2007-10-18

Is that a gun in your pocket or are you just happy to see me?

"If the truth of the incarnation was proved in the mortification of the penis would not the truth of the Anastasis, the resurrection, be proved by its erection? Would this not be the body's best show of power?" Leo Steinberg [o]

Man of sorrows 1532 Museum voor Schone Kunsten, Ghent
Maerten van Heemskerck

2007-10-05

5 de Outubro

"Hoje, 5 de Outubro de 1910, às 11 horas da manhã, foi proclamada a República em Portugal na Sala Nobre do Município de Lisboa, depois de ter terminado o movimento da revolução nacional. Constituiu-se imediatamente o Governo Provisório sob a Presidência do Dr. Teófilo Braga"
(
Diário do Governo, 6 de Outubro de 1910)





El Tratado de Zamora fue el resultado de la conferencia de paz entre Alfonso I de Portugal y el rey Alfonso VII de León y Castilla, el 5 de octubre de 1143, marcando generalmente la fecha de la independencia de Portugal y el inicio de la dinastía alfonsina. Victorioso en la batalla de Ourique, en 1139, Afonso I se benefició de la acción desarrollada, en favor de la constitución del nuevo reino de
Portugal, por el arzobispo de Braga, Don João Peculiar. Éste buscó conciliar los dos primeros e hizo que se encontraran en Zamora los días 4 y 5 de Octubre de 1143, con la presencia del cardenal Guido de Vico.

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[right:
«Δομήνικος Θεοτοκόπουλος (Doménicos Theotocópoulos) ἐποία»]